Sasha Aleksandar

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Fotografia: Cristóvão
Fato e camisa: Stylist own private collection
Cartola: Ercegovac-Belgade 1927
Sapatos: Dino Alves

Sasha Aleksandar é stylist, costume designer, creative director, makeup artist, hairstylist… É um homem com uma carreira e uma criatividade exemplar. Oriundo da Sérvia, a viver em Londres mas com uma grande ligação a Portugal, o Sasha tem uma história que vale a pena ouvir. Por isso, o BlueGinger esteve à conversa com ele.

Aproveito e deixo já um gostinho de uma produção que fiz com o Sasha, no Ritz Four Seasons Hotel… Para ver brevemente, aqui no blog :) Entretanto,conheçam melhor este “fashion genius extraordinaire”!

Da Sérvia para Portugal. Como é que nasceu o teu amor por esse local à beira mar plantado?

Foi por acaso! Estava a preparar-me para ir viver para Espanha, toda a situação que se vivia na ex-Jugoslávia fez-me querer mudar de sítio… Não vale a pena falar muito desse assunto, deixa-me super emocionado e triste, é uma grande erupção de emoções… Porque durante um tempo tentei mudar a situação do país, andei em protestos, perdi a minha saúde, e no final deu em nada… Cheguei a um ponto em que pensei: “só tenho uma vida”, tenho de a aproveitar ao máximo. Comecei a estudar espanhol,  mas primeiro vim a Portugal para o casamento de uns amigos. E foi amor à primeira vista! O país acolheu-me de braços abertos e decidi ficar.

Fazes maquilhagem, cabelos, styling… Como é que esta arte apareceu na tua vida?

Comecei como maquilhador e cabeleireiro, mas ao longo dos anos nunca estava safisfeito porque não era eu que controlava aquilo tudo (risos). Queria fazer mais, queria ter controlo sobre a imagem que estava a criar. Entao comecei a fazer guarda-roupa e styling. Hoje em dia continuo a praticar a minha primeira paixão, a makeup, mas faço também styling, direcção de arte, organizo eventos… Tenho várias equipas de trabalho.

 Como é que esta arte apareceu na minha vida… Eu acho que o sense of style nasce contigo. A minha avó foi uma grande influência, desde que nasci que eu era quase o boneco dela! Ela era costureira, fazia roupa para muita gente e inclusivamente para a família… Tenho fotos em que eu sou quase o acessório dela, a pousarmos para a fotografia com as roupas que ela fazia!

A minha avó influcienciou-me mesmo muito, ensinou-me o bom gosto, a etiqueta… Fez-me olhar para tudo com olhos diferentes… Mais tarde fui eu que comecei a dar-lhe conselhos, a ela e à minha mãe… Foram as minhas primeiras clientes.

Durante alguns anos viveste em Londres. Como foi a experiência?

Há 10 anos senti que estava estagnado em Portugal. Continuava apaixonado pela país, mas talvez devido à crise em termos de trabalho não havia muito a fazer… Ou melhor, sentia que já tinha feito tudo o que poderia aqui em Portugal, já tinha atingido os objectivos e metas. Então precisei de desafios novos.

Voltei para Belgrado, mas só aguentei 6 meses. Tinha trabalho, havia coisas a acontecer, mas senti que estava a começar tudo de novo, do zero mesmo. E pensei ”para começar do zero, mais vale fazer isso num sítio completamente novo!”.  Eu era dali mas entretanto já tinham aparecido novas pessoas que eu nao conhecia, estava um pouco perdido. Apesar de tudo, nesses meses ainda fiz trabalhos interessantes. Lembro-me que naquele ano a Sérvia ganhou a Eurovisão, e eu sempre tinha tido um grande interesse na produção daqueles eventos. Surgiu oportunidade de estar no meio do programa, fazer o programa, o que foi fantástico. Mas depois disso surgiram outras oportunidades e fui para Ibiza. Estive lá uma temporada, fazia direcção de arte de uma marca de haute couture, organizava os desfiles, photo shoots… adorei viver naquela ilha, foi uma experiencia óptima. Mas chega o Inverno e não há nada para fazer! Dai surgiu Londres.

Sempre quis estudar lá, decidi fazer entrevista para o Central Saint Martins, queria fazer mestrado. Fui aceite, no curso Creative Practice for Narrative Environments. O  Saint Martins foi um grande polo para networking,  um crash course de “como entrar na selva urbana que é londres” (risos).

Já lá vão 10 anos… No início odiava Londres, aquilo é uma relação de love/hate… A falta de sol… E é muita gente… Eu pensava que era especial, like eu falo 4 línguas, já fiz isto e aquilo, vivi aqui e ali… Mas em Londres há mais 3000 como tu e com o mesmo CV, sabes? Tens mesmo de lutar. Um mês depois de estar em Portugal já tinha feito o Elite SuperModel of the World, o espectáculo de ópera da Expo ’98, de Bob Wielson… Em Londres…Bem, já fiz imensas coisas, mas tive de batalhar muito.

Acho que ainda estou à espera do breakthrough moment que vai acontecer lá. A ambição para mim é quase uma doença, quero sempre fazer mais, atingir novos patamares.

_MG_4409PSFotografia: Cristóvão
Polo e calças: Lacoste
Sandálias: Luis Carvalho
Headpiece: Stylist own private collection

 E a vinda em Portugal, faz-te pensar em voltar?

Agora que vivo em Londres já não consigo imaginar viver em mais lado nenhum. Estar em Lisboa foi um acaso, vim cá passar uns dias para um casamento no Porto e percebi que estavamos perto da Moda Lisboa… Falei com o Ricardo Preto,  que é meu amigo, e fiz os desfiles dele… Aquilo deu nas vistas, as pessoas começaram a ligar-me, tipo “omg Sasha you’re back!”.

Acho que a vida é feita de oportunidades… Uma amiga minha abriu uma agência, a “Hope Consulting and Services”, que representa vários artistas (música, gastronomia, moda) e convidou-me para entrar na agência e trabalhar com ela. Fizemos uma experiência no início de Dezembro, acabei por conhecer os artistas, criar uma relação com eles, e fiz o videoclip da Mayra Andrade com o Branko.

Em Janeiro, Londres está muito calmo e decidi passar mais tempo cá.

Quando trabalho com os artistas, quando vejo as pessoas que são “stars”, não gosto da ideia de vestires um boneco, o boneco aparece na red carpet, fantástico, super bem vestido, e depois no dia seguinte sai à rua péssimo com roupas de mau gosto. O nosso trabalho não devia ser só para a red carpet ou só para quando “aparecem”. Tem de haver uma coerência. Vou ao guarda-roupa delas, faço um detox, limpamos o armário… vou buscar as peças que ainda têm etiquetas, que compraram e nem sabiam usar -ou lhes damos uma nova vida ou deitamos fora.

A minha ideia é ajudá-las no styling de todos os dias, fazemos coordenados com as próprias roupas que elas têm. Adoro reciclar os guarda-fatos e acho que cada peça pode ser transformada. Lá porque foi usada algumas vezes, não quer dizer que não possas usar mais… Dás-lhe uma nova vida dependendo do que fazes com o styling.

Tens um projecto novo. The bitch is back. Vieste para ficar?

Comecei por brincar com este nome, dizendo “the bitch is back”, na ModaLisboa. Daí surgiu esta hashtag #thebitchisback que são várias coisas que estou a pensar fazer aqui. Festas, photo shoots… São várias ideias, estou a juntar as pessoas, os meus amigos criativos, para se desenvolver novas ideias/projectos… Mini fashion films, videoclips, festas, performances, o que for.

The bitch is in the air!

Qual a tua fonte de inspiração? Tens algum ícone?

Quem me inspira são as pessoas. Não só amigos com muito talento e que têm vidas diferentes do habitual, que se vestem de maneira diferente, que têm maneira de estar diferente… Mas também as pessoas desconhecidas, na rua, nos aeroportos. Quando viajas vês culturas diferentes, pessoas diferentes, mercados de rua diferentes. E isso inspira-te.

Redes sociais e internet também, claro. Vou sempre buscar referências a colecções passadas, uma peça que ficou na minha cabeça na altura, que achei iconic… Tudo isso fica na minha cabeça e depois influencia o meu trabalho.

Ícone… Desde pequeno que Madonna is always the One. É o cliché, I know, but she’s my guilty pleasure (risos).

_MG_4526PSFotografia: Cristóvão
Headpiece & bustier: Stylist own private collection
Calças: Luis Carvalho
Chinelos: Adidas

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